domingo, 16 de novembro de 2008

REQUISITOS PARA CONTRATAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA GLOBALIZADA

O que a globalização influencia diretamente em nossos profissionais? Como se preparar par ser um profissional globalizado?

Um profissional globalizado não é necessariamente aquele que passa grande parte da sua vida em um aeroporto e que conhece muitos países, mas aquele que tem mais valor agregado em sua qualificação e que sabe se comunicar.

Um profissional preparado para atender um mercado globalizado deve ter as seguintes “qualidades pessoais”:

• Espírito de equipe – a necessidade do trabalho em equipe e a identificação com os objetivos da empresa constituem a base do espírito de equipe;
• Responsabilidade – refere-se ao esforço de fazer cumprir o compromisso assumido com a empresa.
• Autonomia – refere-se à capacidade do trabalhador de se antecipar aos comandos das chefias e agregar voluntariamente várias tarefas e intensificar seu próprio ritmo de trabalho;
• Iniciativa – é defendida como a disposição para assumir e desenvolver um trabalho de forma espontânea e rápida;
• Capacidade de comunicação – é requerida por exigência da responsabilidade grupal pela produção, de maneira a facilitar a troca de idéias e opiniões sobre um assunto até que se alcance o consenso;
• Flexibilidade – constitui-se em uma reatualização de valores, sob a ótica empresarial; é a capacidade do trabalhador de mudar hábitos arraigados;
• Cooperação – é definida como uma disposição de trabalhar efizcamente com outras pessoas em um grupo. Prontidão de oferecer espontaneamente ajuda aos outros, sem tirar proveito da situação. A identificação com os objetivos da empresa reflete uma atitude de cooperação em torno dos seus objetivos;
• Interesse a atenção – São definidos como a vontade de dirigir os sentidos para situações de aprendizagem ou trabalho durante certo período. Referem-se ainda, à valorização da aprendizagem no trabalho pelo operário.
• Preparação para comunicar-se: Não apenas conhecendo um idioma mais acessível a todos os mercados em que atua, mas tendo conhecimentos gerais de distintas culturas; isto auxilia na comunicação e o torna mais capaz de negociar.
• Visão de futuro: Somente assim ele pode prever as necessidades do mercado como sair na frente.

Estes são os principais pontos que tornam um profissional preparado para atingir um mercado global. Atualmente as grandes companhias já buscam estes pontos dentro de seu perfil e, o país com maior qualificação, leva vantagem sobre os outros.

Para atender às exigências da era do mercado globalizado, a empresa hoje procura o profissional criativo, bem informado e capacitado a exercer suas tarefas com flexibilidade. E mais, ele deve ser crítico, alerta, curioso e possuir espírito de liderança e elevado senso de trabalho em equipe. As empresas necessitam cada vez mais de empregados que precisam lançar idéias e resolver questões coletivamente. No mundo atual as idéias são o capital mais importante e que só poder ser adquirido quando as pessoas pensam em conjunto.

Investir em si mesmo, em desenvolvimento contínuo e estar aberto para novas idéias, nos faz ser mais um a aumentar esta vantagem.

Felipe Athayde, 28 anos, carioca, administrador de empresas, formado pela Fundação Getúlio Vargas, mudou-se para São Paulo, onde trabalhava em uma empresa de comércio eletrônico, depois foi para os Estados Unidos onde enviou mais de 200 curriculos, até ser contratado por um banco brasileiro como operador de mesa do mercado acionário. De lá foi para um escritório de um banco americano em Miami. Em 2005, mudou-se de novo. “Eu tinha muita curiosidade pela Ásia e também estava claro que as oportunidades na região seriam maiores”, dizia Athayde. Ele pediu demissão e foi para Hong Kong, lá ele conseguiu o e-mail de 130 líderes de instituições financeiras que atuavam na Ásia, um mês depois, um banco holandês o contratou e o enviou pra Cingapura e afirma ele: “O profissional globalizado não pode ter medo de se mudar.

Esse é o tipo de profissional em que as empresas apostam.

O Google, a mais bem-sucedida companhia digital do mundo, recruta todo ano 16 jovens da universidade, e lhes dá cargos de chefia. Para treiná-los, organizava uma viagem de 16 dias por quatro países (Japão, China, Índia e Israel), com a missão de absorver a cultura local fazer contatos e realizar tarefas. A consultoria Accenture afirma que 38 mil consultores e a maior parte de sua equipe de serviços recebem treinamento para colaborar com colegas de outros países. A IBM criou no ano passado um portal que conecta seus funcionários em todo o mundo. Qualquer um deles pode montar uma equipe internacional a partir de uma idéia. Isso, já levou, segunda a empresa, a mais de 70 negócios.

Apesar do desemprego alto, muitas empresas não conseguem preencher as vagas com funcionários qualificados.

ADMINISTRAR EM UM MUNDO GLOBALIZADO

As pessoas enfrentarão uma gama de desafios no século XXI em que as emoções incidem fortemente nas decisões e contribuem para flexibilizar as condutas diante das grandes mudanças que ocorrem no processo de globalização.

A pressão do trabalho e o aumento das dificuldades perante o mercado competitivo são os principais fatores que exigem maior complexidade emocional. A atmosfera negativa e os descontroles sentimentais são males que podem acarretar em doenças psicossomáticas originadas pela falta de controle emocional ou por turbulências racionais. Esses tipos de efemeridades se tornam, a cada dia, mais comum pela sociedade, atingindo principalmente as empresas. A cura para essas doenças psíquicas é muito simples na teoria, porém muito complicada quando aplicada a prática por pessoas e sistemas.

A Inteligência Emocional nasce da necessidade de obtermos maior produtividade profissional/pessoal e qualidade de vida, onde as alocações de recursos mentais estimulam a formulação de um novo conceito de viver. O mercado globalizado nos impõe a competitividade, tecnologia, novos paradigmas e principalmente novos conhecimentos, e para nos adequar a esta realidade precisamos nos adequar no aspecto mental, físico e racional. Se quiser ser o melhor a cada manar e conseguir o sucesso em tudo que criar ou potencializar deve-se desenvolver formas de inteligências múltiplas capazes de erguer montanhas e moinhos rumo aos seus objetivos.

As empresas passaram a difundir em seu clima organizacional fatores que propiciam a inteligência emocional de todos os colaboradores, visando aumentar a produtividade e qualidade de vida interna. Os resultados comprovam a real necessidade de alocar em equipes de trabalho com emoções inteligentes, controle emocional, percepção reflexiva, criatividade e a própria motivação. Todos esses fatores elevam a capacidade de iniciativas, sinergia positiva, habilidades polivalentes e o valor individual de todos os funcionários. Tudo isso contribuem, também, para o corte de custos organizacional, pois evita que a empresa pague especialistas para potencializar pessoas ou clima de trabalho. São com idéias simples, porém empreendedoras que são alcançados grandiosos resultados.

O poder da mente é incomensurável, onde potencialidades mentais nos conduzem a verdadeira felicidade que buscamos diariamente. Devemos sempre visualizar objetivos, ter fé nos sonhos e acreditar em nosso potencial. Cultivar formas de evolução interior são as melhores ações para perpetuar e expandir nosso conhecimento e tornar sonhos em realidade. É na mente que materializamos nossos sonhos e é no subconsciente que conseguimos realizá-los. Por isso, sonhar, acreditar e elevar o estado psíquico são vínculos diretos para a evolução plena. O cérebro das empresas que perpetua valores e resplandece em sentimentos são as pessoas repletas de pensamentos e sonhos para a vida vitoriosa.

A evolução empresarial acontecerá quando houve equilíbrio entre sistemas, sentimentos e sinergias. Tudo em demasia ocasiona problemas agravados por ações inconseqüentes. As organizações devem acreditar que para evoluir sistematicamente é necessário desenvolver uma cultura sólida capaz de prosperar com as mudanças constantes. O mundo muda, pessoas mudam, conhecimentos se renovam e as informações se cruzam, unindo a maestria do universo globalizado com sistemas produtivos. As realizações contribuem para acreditar que podemos ser melhores a cada raiar solar. O desafio estar lançado. Será você o vencedor? Lute e acredite no futuro próspero. Eu acredito em você!

CRISE ECONÔMICA

Recessão nos EUA gera insegurança no mundo

Maior economia do mundo, os Estados Unidos iniciaram 2008 sob ameaça de uma forte recessão. Para conter a crise, que derrubou as principais Bolsas de Valores do planeta, o presidente George W. Bush anunciou um pacote de US$ 150 bilhões (1% do PIB do país) e o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) promoveu um corte histórico na taxa básica de juros, de 0,75% ponto percentual (o maior desde agosto de 1982).

Os economistas chamam de recessão um período em que a economia de uma determinada região ou país deixa de crescer. Ocorre uma redução das atividades comerciais e industriais. Assim, diminui o ritmo da produção e do trabalho. É uma época em que o desemprego aumenta e os salários caem, pois os empresários precisam produzir menos e reduzir os custos que têm com a manutenção de suas empresas.

Você pode se perguntar em que uma recessão nos Estados Unidos pode interferir na economia brasileira e mundial. Na verdade, ninguém pode dizer com exatidão em que medida a situação norte-americana pode provocar estragos em outros países.

Porém, a economia do mundo atual baseia-se em relações de interdependência. Grande parte das exportações brasileiras, por exemplo, vão justamente para os Estados Unidos que, com a recessão, pode reduzir suas importações.


A grande depressão de 1929
Um exemplo extremo de uma crise econômica nos Estados Unidos foi a grande depressão (uma recessão intensificada), que provocou uma catástrofe na economia mundial entre 1929 e 1934. No começo da segunda metade da década de 20 do século passado, a economia norte-americana estava em franca ascensão e o país recebia muitos investimentos estrangeiros.

As ações nas principais Bolsas dos Estados Unidos não paravam de subir. O crescimento do mercado financeiro, porém, não correspondia a um desenvolvimento real das empresas. No dia 24 de outubro de 1929, que ficou conhecido como a "quinta-feira negra", os investidores começaram a vender as suas ações de forma desenfreada, tentando evitar prejuízos.

As cotações da maioria das ações sofreram uma queda de 90% e os grandes investidores suspenderam os seus projetos no país. Durante uma semana, as cotações não pararam de cair. Naquela época, os Estados Unidos já detinham a principal posição da economia do mundo, o que contribuiu para dar uma dimensão mundial à crise.


New Deal
No começo, a reação à crise do governo dos Estados Unidos, sob a presidência de Herbert Hoover, foi muito tímida. Com a chegada de Franklin Delano Roosevelt ao poder, em 1933, a situação econômica dos Estados Unidos passou por uma profunda alteração. Roosevelt criou as condições necessárias, com o "New Deal" (Novo Acordo), um conjunto de medidas econômicas que aumentava a participação do Estado na economia do país.

Assim, após mais de quatro anos sem perspectivas de voltar a se desenvolver, os Estados Unidos saíram da "grande crise" e, aos poucos, recuperaram a sua liderança na economia mundial. Com os fundamentos econômicos preparados pelo governo do presidente Roosevelt, o país, mesmo participando de uma Guerra Mundial (a Segunda), manteve sua posição de destaque no cenário mundial, pelas décadas seguintes.


Caráter cíclico
Convém lembrar que situações de recessão como essas parecem ter caráter cíclico e que seus desdobramentos não são previsíveis. Em 2001, ante a ameaça de uma nova recessão norte-americana, os principais mercados financeiros do mundo viveram momentos de grande turbulência.

No entanto, o governo norte-americano conseguiu criar medidas que evitaram a crise e a economia do país conheceu um novo ciclo de crescimento. O momento de incerteza atual decorre principalmente do fato de não se saber ao certo se as medidas adotadas pelas autoridades dos Estados Unidos serão suficientes para reverter a situação.

RAY





O filme mostra fases que mudaram a vida de Ray Charles, nascido 1932 em Albany, em uma pequena e pobre cidade do estado da Geórgia. Ray fica cego aos 7 anos, logo após testemunhar a morte acidental de seu irmão mais novo.
Inspirado por uma dedicada mãe independente, que insiste que ele deve fazer seu próprio caminho no mundo. Ele encontra seu dom em um piano e sua fama explode mundialmente.
Mas sua vida não está marcada só por conquistas, além de problemas amorosos e o envolvimento com drogas.

Ao analisarmos o filme perante “Os Esquemas” de Tara Goleman, conseguimos identificar:

Exclusão: Logo no início da carreira, Ray passou por grandes dificuldades em que se sentia totalmente excluído, pelo fato de ser um deficiente visual.
Em uma passagem no filme surge uma grande oportunidade para ele, em fazer o que sabia de melhor, que era tocar piano como ninguém. Ao tentar puxar a cadeira para sentar-se ao piano, ela cai de suas mãos e algumas pessoas riam dele, mas isso não o intimidou, pois a sua garra e coragem mostrou a todos o seu verdadeiro talento musical.

Perfeccionismo: Depois de tantos acontecimentos em sua vida e das lembranças das palavras de sua mãe, em que ele teria que conquistar o mundo com seu talento, Ray Charles tornou-se perfeccionista em tudo que fazia, e sempre defendeu seus objetivos futuros e não deixava mais, ninguém humilhá-lo por causa da sua deficiência visual, e com isso conseguiu conquistar o mundo musical.

Superioridade: Com o efeito do seu grande sucesso, ele acabou tornando-se um homem egoísta, possessivo, galanteador e usuário de álcool e drogas, era uma forma que ele tinha para manter-se no controle sem limites.

O GRUPO DOS VINTE (G20)




Foi criado em Berlim na Alemanha em 1999, com a finalidade em um fórum informal, que pudesse promover o diálogo em assuntos como: o crescimento econômico e estabilidade do sistema financeiro.
Esse grupo surgiu a partir das crises financeiras da década de 90 em várias regiões do mundo, e para sua formação foram convidados os países desenvolvidos reunidos no Grupo dos Sete (G7) e os emergentes com peso na economia mundial.

O bloco é formado por Brasil, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Rússia, Turquia, Reino Unido, África do Sul e a União Européia (UE) como bloco.


Atualmente com a forte crise financeira sofrida nos Estados Unidos, houve uma influência mundial. Os países do G20 se comprometeram através de uma reunião em Washington (EUA), em 15 de novembro de 2008, em fortalecer a regulação dos mercados financeiros aplicando medidas fiscais para estimular as economias nacionais, e lista seis áreas que devem ser priorizadas antes de 31 de março de 2009.


As prioridades apontadas são: a reforma dos aspectos da regulação que colaboram para a crise, as normas de contabilidade, a transparência dos mercados derivados, as práticas de remuneração e a avaliação das necessidades de capital das instituições financeiras internacionais.
Os líderes que participaram da reunião concordaram em aumentar a representação dos países em desenvolvimento no FMI (Fundo Monetário Internacional) e no Banco Mundial e outras instituições que tenham recursos para continuar desempenhando seus papéis na superação da crise.












Fonte:
http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200811151842_RTR_1226771862nN15463930
http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL863575-9356,00-LIDERES+DO+G+CONCORDAM+EM+TRABALHAR+JUNTOS+PARA+CONTER+A+CRISE.html
publicado em 15/11/08 - 23h20








ENTENDA A CRISE ECONÔMICA PELA ÓTICA DE KARL MARX


Atualmente, os Estados Unidos e muitos outros países enfrentam uma grande crise econômica cuja origem está no mercado de hipotecas norte-americano.


Mas as crises não são novidade no campo da economia. O pensador Karl Marx (1818-83) formulou algumas idéias sobre crises, medidas de valorização do capital e até sobre o comércio exterior e o mercado de ações, que podem ser encontradas em obras como "O Capital" e "Teorias da Mais-Valia".

CRISES E FINANÇAS

Durante muito tempo, Marx foi um dos raros autores que se preocupou com o fenômeno das crises econômicas, considerando-as inevitáveis e inerentes ao sistema capitalista. A maioria dos economistas insistia na capacidade harmonizadora do mercado, relegando as crises a um segundo plano, como algo apenas casual e externo. Outros - mais respeitados por Marx, como Ricardo ou o suíço Sismonde de Sismondi (1773-1842) - até reconheciam a importância delas, mas as concebiam como um limite com o qual o sistema econômico deveria saber lidar. Depois, até em todo o século 20, registra-se um movimento pendular entre fases de predomínio teórico do harmonicismo e fases em que crises violentas, como a de 1929 ou a dos anos 1970, forçaram a incorporação delas ao pensamento econômico aceito pela tradição acadêmica e de instituições oficiais.
Mesmo nesse caso, contudo, as crises se revestem de um caráter funcional, entendidas como mal necessário ou como crises de crescimento, ou ainda, na melhor das hipóteses, como indicadores da incapacidade do setor privado resolver seus problemas sem a intervenção do Estado.
Na teoria de Marx, por outro lado, elas revelam a emergência da dimensão negativa de um sistema marcado pela contradição. Ao contrário do pensamento econômico tradicional, aqui a crise está intimamente associada à crítica. Mas não a uma crítica subjetiva de alguém que analisa de fora e condena, e sim a uma crítica objetiva: desnudando a dimensão negativa no mau funcionamento do sistema, indica-se como o próprio sistema realiza uma espécie de autocrítica. Se o capital é valor que se valoriza, os momentos em que ele desvaloriza o valor existente de maneira inevitável, comprometendo assim a base de seu crescimento, são momentos em que ele mesmo se contradiz, negando as condições de sua existência.
Dito desse modo parece pouco problemático. Mas a teoria das crises de Marx permitiu leituras diversas e conflitantes até entre seus seguidores. Houve quem as atribuísse a meros desequilíbrios entre os setores da economia, ou a uma incapacidade crônica da produção criar mercados, devido às condições antagônicas da distribuição dos produtos no capitalismo; houve ainda os que as circunscreviam ao âmbito financeiro, como se o da produção já não fosse contraditório.
A controvérsia surgiu da forma complexa de apresentação das categorias na teoria de Marx. Há passagens que justificam uma ou outra das interpretações, e na seqüência a desacreditam. O problema pode ser equacionado, no entanto, levando-se em conta o todo da obra e, principalmente, o projeto de Marx desdobrar cada forma do sistema como resultado da negatividade das formas anteriores, indo do mais geral ao mais específico e intrincado.
Em primeiro lugar, então, é preciso retomar o aspecto geral. No final do capítulo 3 foi citado um texto que pode servir muito bem nesse sentido: "O capital é trabalho morto, que apenas se reanima, à maneira dos vampiros, sugando trabalho vivo e que vive tanto mais quanto mais trabalho vivo suga". Vimos como essa passagem sintetiza bem a contradição constitutiva do capital em sua relação com a força de trabalho. Mas um aspecto central deve agora ser acrescentado. É que, ao comprar e incorporar a força de trabalho, o capital está também se apropriando da capacidade de medir o valor, que o trabalho abstrato possui numa sociedade de troca de mercadorias. O capital adquire com isso não só a propriedade de se valorizar como a de medir essa valorização; ele se valoriza e se mede.
Mas a sua relação com a mensuração é contraditória, como também sua relação com a valorização, porque ambas derivam da oposição entre capital e trabalho. Ao mesmo tempo que integra a força de trabalho, o capital também precisa negá-la, substituindo-a por máquinas; ou seja, ao mesmo tempo que adquire a capacidade de se medir, o capital reitera que essa capacidade pertence a um agente que ele mesmo põe como seu oposto. Perde então as suas medidas.
Em todos os níveis da apresentação das categorias de O Capital, aparece essa determinação contraditória da medida e da desmedida. É por ela que vão se definindo em cada nível os distintos conceitos de crise. Se algum deles for isolado dos demais, pode parecer que oferece a única definição possível, invalidando as outras - caminho seguido por grande parte das intérpretes de Marx. Mas, de fato, também o conceito de crise obedece à forma da apresentação que vai do mais geral ao mais complexo, também ele vai enriquecendo seu conteúdo junto com o conceito de capital.
Marx faz questão de indicar a possibilidade de crise já no nível da produção e circulação de mercadorias, refutando qualquer pretensão de que o mercado pudesse ser sempre harmônico. Aqui, a medida aparece na passagem fluida entre compras e vendas, quando há correspondência entre as quantidades do que se produz e do que se demanda; a desmedida, ao contrário, é quando não ocorre tal correspondência, interrompendo o movimento.
A forma desse movimento é descrita por Marx em termos que valem também para as fases seguintes da apresentação: "[] o percurso de um processo através de duas fases opostas, sendo essencialmente, portanto, a unidade das duas fases, é igualmente a separação das mesmas e sua autonomização uma em face da outra. Como elas então pertencem uma à outra, a autonomização [] só pode aparecer violentamente, como processo destrutivo. É a crise, precisamente, na qual a unidade se efetua, a unidade dos diferentes".
A compra e a venda de mercadorias, em primeiro lugar, são as "fases opostas" do processo em que se vende para comprar. Como se realizam pela mediação do dinheiro, elas assim se "separam e autonomizam uma em face da outra", podendo não coincidir. Mas a crise não assinala simplesmente o momento negativo, da não coincidência, e sim a impossibilidade de que essa situação permaneça por muito tempo.
Como as fases de compra e venda se diferenciaram por força de um processo único, que dialeticamente tem de se realizar mediante sua diferenciação em duas fases, chega um momento em que essa autonomia não pode prosseguir. A unidade do processo se afirma, mas como reação violenta à autonomização das fases. No mercado como um todo, a discrepância possível entre compras e vendas precisa ser corrigida e, quando isso acontece, verifica-se a incompatibilidade entre os valores daquilo que se comprou e agora tem de pagar com o dinheiro de uma venda que pode não ocorrer. Segue-se um ajuste violento de contas, e valores simplesmente desaparecem.
Essa forma geral da crise se reapresenta quando a finalidade é definida pelo capital como a de "comprar para vender". A discrepância ocorre no mercado de trabalho, ou nas compras e vendas recíprocas dos vários setores em que se divide a produção entre os capitalistas, ainda mais considerando que tudo isso se realiza pela concorrência. A discrepância de valores significa então que alguns terão prejuízo, talvez grande, vindo a falir. Parte do capital existente se desvaloriza, negando o próprio conceito de valor que se valoriza.

Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u454646.shtml, publicado em 28/10/2008 - 14h50